Pinto da Costa sabe na próxima terça-feira se vai ser julgado no processo relativo ao jogo FC Porto-Beira-Mar, da época de 2003/2004. Ele, o árbitro Augusto Duarte e o empresário António Araújo. Cumprida a fase de instrução, pedida pelo advogado do presidente do FC Porto, falta conhecer a decisão instrutória da juíza do Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
Este é apenas um dos três processos pendentes nos quais o líder dos dragões mantém a condição de arguido. Os outros, que também em breve conhecerão decisões instrutórias, são relativos aos jogos FC Porto-Estrela da Amadora e Nacional da Madeira-Benfica, igualmente da época de 2003/2004, que terminou com o FC Porto campeão nacional e europeu.
No caso específico do jogo Beira-Mar-FC Porto, que terminou empatado a zero bolas, Carolina Salgado afirmou na fase de instrução que Pinto da Costa entregou ao árbitro Augusto Duarte, na casa que partilhava com PC na Madalena (Gaia), um envelope que continha 2.500 euros.
Pinto da Costa, que não falou na fase de instrução, disse durante o inquérito que não entregou qualquer envelope ao árbitro "ou o que quer que fosse", referindo até que Carolina não podia ter presenciado o que diz ter visto "porque estava acamada, no 1.º andar da residência".
Augusto Duarte também negou os factos de que está imputado e disse que Carolina estava ausente no momento em que conversou com Pinto da Costa, dois dias antes do jogo que viria a apitar. Também presente esteve António Araújo.
É convicção do Ministério Público que a relação de António Araújo com Pinto da Costa teve "um papel fulcral" na "consumação da alteração dos resultados desportivos" na época de 2003/2004. O empresário foi mesmo apanhado numa conversa telefónica na qual dizia que ajudava muito o presidente do FC Porto. Suspeita o MP que Araújo funcionava como "intermediário" entre Pinto da Costa e determinados árbitros.
A peritagem ao trabalho da equipa de arbitragem no jogo Beira-Mar-FC Porto - realizada por Vítor Pereira, Jorge Coroado e Adelino Antunes - detectou um fora-de-jogo mal assinalado ao Beira-Mar (embora "de difícil julgamento"), uma expulsão perdoada a um jogador do FC Porto ainda na 1.ª parte, um cartão amarelo por mostrar também a um atleta portista e outro para um jogador aveirense.
A Polícia Judiciária, por seu lado, monitorizou o encontro de Augusto Duarte com Pinto da Costa, o que só aconteceu depois de alguma insistência de Araújo com Duarte. "Tenho aqui uma obra para ser vista", foi como o empresário se dirigiu ao árbitro bracarense. Foi Araújo quem conduziu Duarte à residência de PC.
A seguir ao jogo, Pinto da Costa conversou com Pinto de Sousa - então presidente do Conselho de Arbitragem da FPF - a queixar-se da arbitragem de Augusto Duarte. "O Augusto não esteve bem, mas também não esteve mal, mas não deu cheirinho nenhum", disse, antes de acrescentar: "Só nos deixou passar uns livres e não marcou um penálti sobre o McCarthy".
Augusto Duarte salvou-se nessa época da descida por uma unha negra (foi 22.º classificado) e o Beira-Mar desceu de divisão. No jogo de Aveiro, Duarte foi assistido por António Perdigão e Domingos Vilaça. O 4.º árbitro foi o portuense Jorge Sousa.
in Record